Museu Michael Giacometti - Sessão evocativa de Vasco Gonçalves e de Rosa Coutinho

Porquê esta evocação?

Palavras proferidas pelo Presidente da Direcção, Comandante Manuel Begonha

Vasco Gonçalves e Rosa Coutinho não precisaram de lutar em vida pela sua memória, porque a sua acção e exemplo, permitirá que não sejam esquecidos logo após a sua morte.
Não faremos queixas ou acusações, nem censuras ou ajustes de contas, nem pretendemos ressarcimentos pelos dissabores e agravos que sofreram.
Na verdade na época própria e na nossa sociedade surgem homens como estes cuja elevação moral e percurso individual, condensam em si e apontam um destino a seguir.
O que não queremos é pactuar com os que procuram distorcer a História ou promover o esquecimento.
O que não queremos é que se adultere o pensamento, a obra e especialmente o carácter destes Homens.
E é com a luz dos que os conheceram profundamente que os pretendemos iluminar com a verdade objectiva do seu testemunho.
Termino recordando que ambos são muito justamente Sócios de Mérito da nossa Associação.

Intervenientes - da esquerda para a direita
Henrique Mendonça, Marques Pinto, Manuel Begonha e Pinto Soares

Na última fila- familia do gen. Vasco Gonçalves


O Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal, foi ponte de encontro para o desdobramento de uma iniciativa de evocação de Vasco Gonçalves e Rosa Coutinho na quinta-feira, 14 de Dezembro, ao fim da tarde, porquanto ali recolheu o testemunho dos Comandantes Manuel Begonha, Presidente da ACR, Henrique Mendonça e Manuel Marques Pinto, e do Coronel Nuno Pinto Soares, numa sessão que teve de seguida o encaminhamento - como que uma marcha, - para, a poucos metros, no Quebedo, o Restaurante “Egas”, segundo local de encontro-convívio fortemente marcado por uma rica componente cultural.
    Efectivamente, o “Egas” há décadas era conhecido como “Academia Sapec”, pois o seu proprietário, Jerónimo Bárbara, assumiu tal sobrenome nos tempos em que era barbeiro tanto quanto patrono de encontros de tertúlia, nos quais trabalhadores e intelectuais entrelaçavam a defesa do 25 de Abril na herança de ajuntamentos conspirativos e de resistência anti-fascista, sendo aquele espaço uma taberna ela própria herdeira de uma antiga adega.
   As canções, entre muitas outras, de José Afonso e de Adriano Correia de Oliveira - a tão poucos dias do 19 de Dezembro, data do assassinato de José Dias Coelho, em Alcântara, Lisboa, no ano de 1961, fazendo irromper “A morte saiu à rua” - tiverem os acordes de David Carlos, o velho bate-chapa setubalense, e do advogado Manuel Guerra Henriques, este também excelente cantador do fado de Coimbra, a que se juntaram Octaviano Sales e, vindo do Barreiro, Armindo Fernandes, enquanto Fernando Casaca, actor e Director do Teatro do Elefante, puxou pelo “Força, força, Companheiro Vasco” e escolheu para leitura o trecho de Bertolt Brech fazendo justiça aos “imprescindíveis”.
   Vítor Zacarias, Presidente a um momento da Comissão Administrativa após a Revolução, foi portador da saudação de Francisco Lobo, igualmente membro da mesma e mais tarde Presidente do município sadino, anfitrião não poucas vezes do General.

   Os filhos de Vasco Gonçalves, Maria João e Vítor, marcaram presença na companhia muito calorosa e confiante de cerca de 50 indefectíveis defensores das Conquistas da Revolução.